Publicado em 2018 - Versão atual com revisões e complementos.
Vivemos em uma sociedade cada vez mais fragmentada, que estimula os indivíduos a serem cada vez mais hostis às formas de pensar distintas - é como se todos tivessem a obrigação de concordar com toda uma cartilha duvidosa de preceitos morais. Esta obrigação moral é imposta de forma direta e predatória por grupos partidários; o que, por consequência, tornam as pessoas mais agressivas e podem resultar em transtornos mentais como ansiedade, pânico, depressão e paranóia.
O fato é que antes de 2014, poucas pessoas se importavam tanto com a visão política do coleguinha; contudo, isso não significa que não houvessem discussões sobre o tema, a diferença, é que não virávamos a cara para quem não concordassem conosco. Outro ponto interessante é que haviam críticas a determinados temas dentro da própria ideologia.
Hoje as pessoas vivem em um estado de tensão tão grande que é praticamente impossível alguém concordar com alguém do viés oposto, mesmo que seja em um único ponto. Parece que se concordarmos, nossa própria moral será posta à prova.
Talvez um dos conceitos mais compreendidos de forma equivocada é o de: "Não Tolerar a Intolerância". Sobre isso, vou deixar um vídeo ao final do texto. Vamos ao objetivo:
A hostilidade é a atitude ou comportamento de uma pessoa que demonstra aversão, agressividade, raiva ou animosidade em relação a outra pessoa ou grupo de pessoas. Pode manifestar-se através de palavras, ações, expressões faciais ou comportamentos agressivos. A hostilidade pode ocorrer por vários motivos, como diferenças políticas, religiosas, culturais, de gênero ou simplesmente por conflitos pessoais.
De acordo com Golleman & Gurin (1997) "Para adquirir uma ideia de sua tendência à hostilidade, responda às perguntas a seguir sobre cada uma das três áreas que as pesquisas apontam como críticas: cinismo, raiva e agressividade. Esse questionário não é um teste cientificamente validado, mas lhe dará uma ideia de como você se classifica nesses três domínios".
Cinismo:
Atitude ou caráter de pessoa que revela descaso pelas convenções sociais e pela moral vigente; impudência, desfaçatez, descaramento.
(__) Quando está na fila do caixa rápido do supermercado, você conta itens nas cestas das pessoas que estão a sua frente para ter certeza de que não ultrapassaram o limite?
(__) Quando o elevador não chega tão rápido quanto você acha que deveria, seus pensamentos focalizam rapidamente o comportamento inconsiderado da pessoa de outro andar que está prendendo o elevador?
(__) Você verifica frequentemente as tarefas realizadas por outros membros de sua família ou colegas de trabalho para ter certeza de que não cometeram algum erro?
Raiva:
Sentimento de irritação, agressividade, rancor e/ou frustração.
(__) Quando você está preso em um engarrafamento e sua faixa não anda, quando está na fila do banco ou do supermercado, você sente rapidamente seu coração bater e sua respiração se acelera?
(__) Quando pequenas coisas dão errado, você frequentemente sente vontade de culpar o mundo?
(__) Quando alguém o critica, você se sente ofendido?
Agressividade:
Segundo Bisker e Ramos (2006) e Birman (2012) a crescente agressividade, vista em todos os segmentos sociais, em sua maioria são motivadas por emoções reprimidas e/ou outras manifestações, como transtornos mentais, depressão ou ansiedade. A constatação de que a agressividade e violência, na teoria não se superpõem, não são sinônimos, mas na prática, no dia a dia da sociedade é cada vez mais constante uma interligação entre um e outro, utilizados como instrumento positivo ou negativo para solucionar até os mais simples conflitos.
(__) Se o elevador para muito tempo em um andar antes do seu, você tende a bater na porta?
(__) Se uma pessoa o ofende, você procura uma oportunidade de lhe dar o troco, simplesmente por uma questão de princípios?
(__) Você frequentemente se surpreende resmungando em frente à televisão durante o telejornal?
Se você respondeu sim ao pelo menos uma das perguntas em cada área ou a quatro ou mais perguntas em geral, seu nível de hostilidade provavelmente é alto.
Segundo Bisker e Ramos (2006) e Birman (2012) a crescente agressividade, vista em todos os segmentos sociais, em sua maioria são motivadas por emoções reprimidas e/ou outras manifestações, como transtornos mentais, depressão ou ansiedade. A constatação de que a agressividade e violência, na teoria não se superpõem, não são sinônimos, mas na prática, no dia a dia da sociedade é cada vez mais constante uma interligação entre um e outro, utilizados como instrumento positivo ou negativo para solucionar até os mais simples conflitos.
17 Dicas para se tornar menos hostil.
"Quando a raiva, o orgulho e a ira tomam conta de você,
o que fica claro para os olhos dos outros é sua
incapacidade emocional"
1- Admita a um amigo (ou objeto amoroso) que seu nível de hostilidade é muito alto e deixe que ele saiba que você está tentando reduzi-lo.
Nota: Ninguém é obrigado a adivinhar como você se sente ou que você espera em determinadas situações, comunique-se claramente sobre seus sentimos e expectativas;
2- Quando pensamentos críticos lhe vierem a mente, grite (pode ser mentalmente) "PARE".
Nota: Nossa mente evoluiu para pensarmos compulsivamente, é impossível parar de pensar. Contudo, pensamentos ruins e hostis, ocorrem naturalmente, apenas diga para si mesmo: Ok, não vou alimentar em mim estes tipos de pensamentos. Sei que não é algo simples, mas é possível não sermos controlados por estes pensamentos;
3- Tente convencer a si mesmo a não ter mais raiva. Racionalize consigo mesmo.
Nota: O segundo passo depois do anterior é racionalizar os sentimentos e termos em mente de que, pensar assim, fere mais a nós mesmos que o outro;
4- Distraía-se quando estiver ficando zangado. Por exemplo: leia uma revista quando estiver esperando na fila do supermercado ou do banco.
Nota: Essa é uma medida paliativa. Contudo, quando estiver em um ambiente tranquilo, reflita sobre suas emoções de forma racional, era pra tanto? Se possível, leve o assunto pra terapia. Como diria Jung: Tudo aquilo que nos irrita no outro, nos leva a compreensão melhor sobre nós mesmos;
5- Obrigue-se a ficar quieto e ouvir quando outras pessoas estão falando.
Nota: Você não é vidente, ok? A outra pessoa pode ter algo a dizer que você ainda não sabe, ou até mesmo te surpreender em algum assunto. Outro ponto é: trate as outras pessoas como você gostaria de ser tratado; Evite também o "ping-pong" de argumentos: escute, reflita e responda os argumentos ao invés de só rebater.
6- Aprenda mediar e use essa habilidade sempre que identificar pensamentos cínicos ou sentimentos de raiva;
7- Tente ser mais compreensivo com a situação difícil que outras pessoas estão enfrentando.
Nota: Por mais que eu não defenda a "empatia", por ser utópica; todo mundo pode tratar os outros com o respeito devido (por mais que você não concorde com ele);
8- Quando alguém está realmente ofendendo você, aprenda a ser efetivamente afirmativo, em lugar de reagir violentamente.
Nota: Não é porque alguém está te ofendendo (as vezes sem intenção), isso não significa que você tem que devolver na mesma moeda, demostre superioridade. Lembre-se: Olho por olho, dente por dente- e o mundo acabará cego e mudo;
9- Procure aumentar sua conexão com as outras pessoas, contrariando a tendência das pessoas hostis de afastar o apoio social.
Nota: Procure terapia quando a situação estiver começando a incomodar, sempre é mais fácil resolver um problema no início;
10- Quando as pessoas lhe fizerem mal, perdoe-as.
Nota: Isso fará mais bem para você do que para elas. E perdoar é lembrar do ato e não sentir mais dor;
11- Cultive amigos no trabalho, no seu bairro, em sua fé.
Nota: Somos seres sociais, o contato com outras pessoas (incluindo as que pensam diferente de você) é fundamental para mantermos nossa saúde mental;
12- Ofereça-se para ajudar as pessoas menos afortunadas que você.
Nota: O mesmo princípio do item 10;
13- Aprenda a rir de suas tendências hostis.
Nota: Ahhhhh o humor, rir de si mesmo é um sinal de evolução e indica mudança!;
14- Faça exercícios regularmente.
Nota: EXERCÍCIOS NÃO SÃO TERAPIA, seja quais forem. Eles ajudam? Sim. Mas não são terapia. Como dizia uma campanha publicitária do CRP/PR: Todo mundo se acha meio psicólogo, procure um inteiro. - Fica a dica;
15- Tenha um animal de estimação. Aparentemente, as pessoas que têm um animal de estimação vivem mais e são mais saudáveis, talvez porque os animais, especialmente os cães, sejam tão carinhosos e exijam tão pouco. Ao contrário das pessoas, os animais dão muito mais do que recebem.
Nota: Nem coloquei em negrito, mas mantive em respeito ao autor e das pessoas que os tem. Particularmente acredito que os animais não devem ser objetos da satisfação dos nossos egos traumatizados, ao invés disso você pode ir observar os animais e a natureza ou aprender a se relacionar com sua própria espécie (espero alguns mimimis nos comentários).
16- Aprenda mais sobre os ensinamentos essenciais da religião (ou filosofia) que você escolheu: Um princípio central das principais religiões e filosofias do mundo é tratar os outros como gostaríamos de ser tratados.
Nota: Invista seu tempo na filosofia. Acredite, ela fala bem mais sobre como enfrentar nosso cotidiano do que reflexões sobre coisas complexas que poucas pessoas compreendem; Sobre este tema, recomendo o Canal Epifania Experiencia no Youtube (do vídeo abaixo), que apresenta de forma realmente neutra e desenhada questões filosóficas e mundanas.
17- Finja que esse dia é seu último dia. Suas tendências hostis entrarão em perspectiva.
Nota: Só pegue leve nas suas atitudes, é muito mais provável que você enfrentarás as consequências de suas atitudes no próximo dia;
Caso essas dicas lhe pareçam impossíveis de serem colocadas em práticas, procure um psicólogo, com toda a certeza, ele lhe ajudará a compreender os motivos de sua hostilidade e de quais são os passos para ajudar a aumentar seu nível de tolerância e, consequentemente, aumentar sua capacidade de resiliência.
Assiste ai:
Referências:
BIRMAN, J. O sujeito na contemporaneidade: espaço, dor e desalento na atualidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2012.
BISKER, Jayme. RAMOS, Maria Beatriz Breves. No Risco da Violência reflexões psicológicas sobre a agressividade. Rio de Janeiro: Mauad X. 2006.
GOLLEMAN, D. & GURIN, J. Equilíbrio Mente Corpo - Como usar sua mente para uma mente melhor, Editora Campus, 2º Edição, Rio de Janeiro, 1997. pg: 67, 68.)
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